Cavaco não, obrigado

Parece bizarro o modo como Cavaco Silva foge dos debates com outros candidatos como o Diabo foge da cruz ou como o Padre Frederico foge de um par de mamas. Não é tão bizarro assim. Cavaco sabe o que nós também sabemos. Que a vitória depende da manutenção de uma aura de competência quase sobrehumana que não resistiria a alguns minutos de confronto verbal com animais retóricos como Mário Soares, Francisco Louçã ou até Manuel Alegre. Sabe perfeitamente que não foi dotado pela natureza com o dom da palavra ou com a capacidade de parecer "simpático" aos olhos dos eleitores. E, por isso, tentará adiar quaisquer debates até ser tarde demais para terem alguma influência significativa nos resultados. A sua sorte (e o nosso azar) é que os portugueses estão preparados para votar em massa no homem que "fez de Portugal um país desenvolvido e europeu" e não se podiam preocupar menos com o candidato real que procura uma vitória nas eleições sem precisar de se expor muito.